AS IMAGENS REFLETIDAS NO ESPELHO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Autores

  • Simone Grace de Paula

Palavras-chave:

formação de professores, representações sociais, professor pesquisador reflexivo, prática pedagógica, docência universitária.

Resumo

Este artigo8 resulta do estudo de caso do Curso Superior de Formação de Professores para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental (CSFP)9, que tinha como eixos basilares: a formação do professor pesquisador, a articulação entre teoria e prática e a interdisciplinaridade. O trabalho procurou preencher uma lacuna nas pesquisas acadêmicas, nas quais muito se discute a formação do professor pesquisador/reflexivo, mas pouco se examinam as práticas concretas que visam estabelecer o perfil desse profissional, bem como os desafios enfrentados por professores universitários que se propõem a realiza-las. O objetivo principal foi apreender e analisar as representações sociais sobre o professor pesquisador, construídas pelos professores universitários durante a realização do CSFP. Neste artigo, detemo-nos na apresentação e análise das práticas pedagógicas mais relacionadas ao eixo “formar o professor pesquisador/reflexivo”, recuperadas por meio da análise de documentos – portfólios, relatórios, narrativas escritas – elaborados por eles. A pesquisa centrou-se nas professoras universitárias formadoras da FAE/ BH10 que implementaram o Projeto CSFP. São 12 formadoras, com idade entre 33 e 67 anos, que concluíram o 3º grau em períodos que abrangem as décadas de 60 até 90, com variação de 30 anos11. Os dados coletados sobre a formação das formadoras12 em nível de pósgraduação mostraram que 33,3% delas possuíam mestrado e 66,7% possuíam cursos de especialização. A maioria (83,33%) tinha experiência que variava de três a quinze anos de regência de turmas nos anos iniciais do ensino fundamental; 16,7% não a tinham. Esse dado aponta para um dos dilemas enfrentados no processo de formação: “Como formar o professor pesquisador se eu mesma não sou pesquisadora, nem tenho experiência em investigações?” (Mariana).13 O referencial teórico buscou situar a atual discussão sobre a formação do prático reflexivo dentro dos paradigmas da racionalidade prática e da racionalidade crítica14. Buscou-se a compreensão das metáforas de professor como pesquisador, prático reflexivo e reflexivo crítico. Na análise dos dados sobre as práticas, utilizamos o referencial das representações sociais e as tradições de formação de professores apresentadas por Zeichnner e Liston (1993). Eles consideram cinco tradições: a) Tradição acadêmica acentua a reflexão sobre as disciplinas e a representação e tradução do saber das disciplinas para o desenvolvimento da compreensão do aluno; b)Tradição de eficiência social – acentua a aplicação de determinadas estratégias de ensino, sugeridas pela investigação (é ilustrada pelo trabalho daqueles que falam de um saber de base para o ensino que quase nunca inclui qualquer saber gerado pelo professor); c) Tradição desenvolvimentalista – acentua os interesses, pensamentos e padrões de desenvolvimento e crescimento dos alunos; d) Tradição de reconstrução social – acentua a reflexão sobre o contexto social e político da escolaridade; e) Tradição genérica – não dá importância ao que deve ser objeto da reflexão. A análise dos dados possibilitou identificar três intenções que orientavam as práticas, enfatizando procedimentos variados: a metodologia de pesquisa, presente mais fortemente no primeiro semestre do CSFP; os projetos de trabalho; e as estratégias de reflexão. As práticas pedagógicas construídas, destinadas ao desenvolvimento de habilidades de investigação e reflexão, constituíram-se em: memorial; projetos de investigação; projetos de trabalho; pesquisas de campo; análise da prática pedagógica das alunas. Cada intenção de prática corresponde à representação do subgrupo que a implementou. As representações sociais foram tomadas como fenômeno, e não como metodologia de trabalho.

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