O VAZIO QUE FICA
UMA ANÁLISE DO IMPACTO DO PROCESSO DEMISSIONAL NO REMANESCENTE
Palavras-chave:
Sentido do trabalho, Processo demissional, Impacto nos remanescentesResumo
Este estudo teve como objetivo investigar o impacto psicossocial das demissões nos remanescentes de uma organização, abordando como a insegurança no trabalho e as mudanças no ambiente profissional afetam a percepção dos trabalhadores que permaneceram. O problema de pesquisa abordado foi: Qual o impacto do processo de demissão no desempenho pessoal e profissional dos remanescentes? A metodologia utilizada envolveu a realização de entrevistas semiestruturadas com cinco funcionários que vivenciaram um processo demissional em uma empresa. A análise dos dados foi conduzida por meio da Análise do Discurso, focando em identificar os efeitos simbólicos e ideológicos nas narrativas dos entrevistados. Os resultados revelaram que os remanescentes lidam com sentimentos de insegurança, medo de serem os próximos demitidos, aumento da carga de trabalho e redução do comprometimento com a organização. A incerteza sobre a estabilidade no emprego contribui para uma deterioração do bem-estar psicológico e gera um ambiente de hipervigilância, onde os remanescentes se veem compelidos a desempenhar suas funções sob constante pressão. Conclui-se que o impacto das demissões se estende além dos desligados, criando um cenário de vulnerabilidade e tensão que afeta a produtividade e as relações interpessoais dos trabalhadores que permanecem.
Referências
Alameeri, K., Ahmed, M., Mohamed, M., & Elhassan, O. (2021). The effect of work environment happiness on employee leadership. In Proceedings of the International Conference on Advanced Intelligent Systems and Informatics 2020 (pp. 668-680). Springer International Publishing. https://doi.org/10.1007/978-3-030-58669-0_59
Appelbaum, S. H., Bregman, M., & Moroz, P. (1998). Fear as a strategy: Effects and impact within the organization. Journal of European Industrial Training, 22(3), 113-127. https://doi.org/10.1108/03090599810212117
Bendassolli, P. F. (2007). Trabalho e identidade em tempos sombrios: insegurança ontológica na experiência atual com o trabalho. In Trabalho e identidade em tempos sombrios: insegurança ontológica na experiência atual com o trabalho (pp. 310-310).
Brockner, J., & Greenberg, J. (2015). The impact of layoffs on survivors: An organizational justice perspective. In Applied social psychology and organizational settings (pp. 45-76). Psychology Press.
Cavalcante, M. M., Siqueira, M. M. M., & Kuniyoshi, M. S. (2014). Engajamento, bem-estar no trabalho e capital psicológico: um estudo com profissionais da área de gestão de pessoas. Pensamento & Realidade, 29(4), 23-23. https://doi.org/10.5935/1234-5678.2014v29n4p23
Cech, E. (2021). The trouble with passion: How searching for fulfillment at work fosters inequality. University of California Press. https://doi.org/10.1525/9780520973727
Climent-Rodríguez, J. A., Domínguez-Fernández, J. A., & de la Fuente-Robles, Y. M. (2019). Grieving for job loss and its relation to the employability of older jobseekers. Frontiers in Psychology, 10, 366. https:// doi.org/10.3389/fpsyg.2019.00366
Dejours, C. (1988). A loucura do trabalho: Estudo de psicopatologia do trabalho. Cortez.
Dik, B. J., Duffy, R. D., Eldridge, B. M., & Steger, M. F. (2019). Personal growth and well-being at work: Contributions of vocational psychology. Journal of Career Development, 46(1), 31-47. https:// doi.org/10.1177/0894845317739498
Ehrenberg, A. (2010). O culto da performance: Da aventura empreendedora à depressão nervosa. São Paulo: Editora Sulina.
Ford, R. C., Newman, S. A., & Ford, L. R. (2023). Giving to get loyalty: How organizations signal their loyalty to employees. Organizational Dynamics, 52(1), 100956. https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2023.100956
Foucault, M. A arqueologia do saber, -7ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008. Freitas, M. E. (2007). Cultura Organizacional: Evolução e Crítica. São Paulo: Cengage.
Freitas, M. E. de. (2006). Cultura organizacional: identidade, sedução e carisma? In Cultura organizacional: identidade, sedução e carisma (pp. 178-178).
GAULEJAC, V. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2007.
George, T., & Maheshwari, B. (2024). A comprehensive review on survivor syndrome in the workplace. Benchmarking: An International Journal. https://doi.org/10.1108/BIJ-12-2021- 0705
Giacomoni, M. P., & Vargas, A. Z. (2010). Foucault, a Arqueologia do Saber e a Formação Discursiva. Veredas: Revista de Estudos Linguísticos, 14(2)
Han, B.-C. (2015). Sociedade do cansaço. Editora Vozes Limitada.
Ketzer, L. S. H., Simon, C., & Schmidt, J. S. (2018). Imigração, identidade e multiculturalismo nas organizações brasileiras. Interações (Campo Grande), 19(3), 679-696. https://doi.org/10.20435/inter.v19i3.1717
LAKATOS, E.M; MARCONI, M.A. Metodologia Cientifica, 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
Lee, K., Kim, T., & Park, S. (2023). The Experiences of Layoff Survivors: Navigating Organizational Justice in Times of Crisis. Sustainability, 15(24), Article 16717. https://doi.org/10.3390/su152416717
LIPOVETSKY, G. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.
Martins, S. O. (2011). Análise do discurso. Revista Científica da Ajes, 2(3). Recuperado de http:// www.revista.ajes.edu.br/index.php/rca/article/view/49/36
Mazumdar, B., Dewangan, K., & Purohit, S. (2023). Employment expectations: examining the effect of psycho-logical contract fulfillment on bridge employees’ personal and work attitudes. Personnel Review, 52(5), 1563-1578. https://doi.org/10.1108/PR-12-2021-0850
Melo Jr, J. S. M., & Ronchi, C. C. (2015). O reino mágico das organizações: Um ambiente para a resso¬nância da narrativa narcisista. Business and Management Review, 4(10), 126-138.
Melo Jr, J. S. M., Bandeira, N. P., & Ronchi, C. C. (2022). Gestão do Imaginário: a esteti¬zação consentida. Salvador-BA. Ed. Motres.
Miller, S. M., Kim, J., & Lim, D. H. (2020). “Everybody needs everyone”: a case study of workplace learning after a downsize. European Journal of Training and Development, 44(2/3), 159-170. https://doi. org/10.1108/EJTD-09-2019-0156
Moore, S., Grunberg, L., Greenberg, E., & Sikora, P. (2003). Physical and mental health effects of surviving layoffs: a longitudinal examination. Institute of Behavioral Science, Working paper PEC, 3, 2003.
Motta, F. P. (2001). A organização como religião laica. Organizações & Sociedade, 8, 1-23. https://doi. org/10.1590/S1984-92302001000200003
Mujtaba, B. G., Cavico, F. J., McCartney, T. O., & Jones, G. S. (2020). Layoffs and downsizing implications for the leadership role of human resources. Journal of Service Science and Management, 13(2), 209-230. https://doi.org/10.4236/jssm.2020.132014
Oliveira, M. C. S. (2021). Plataformas digitais e regulação trabalhista: precificação e controle do trabalhador neste novo modelo empresarial. Revista da Faculdade de Direito da UFG, 45(3), 1-25. https://doi. org/10.5216/rfd.v45i3.69566
Orwell, G. (2022). 1984: Nineteen Eighty-four: Edição bilíngue português-inglês. Landmark.
PÊCHEUX, Michel. Language, semantics and ideology. Springer, 1975.
Pinto, C. R. J. (2006). Elementos para uma análise de discurso político. Barbarói: Revista do Depar¬tamento de Ciências Humanas e do Departamento de Psicologia, (24), 78-109. https://doi. org/10.17058/barbaroi.v0i0.821
Piolli, E. (2011). Sofrimento e reconhecimento: o papel do trabalho na constituição da identidade. Revista USP, 88, 172-182. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i88p172-182
Porath, C. L., & Pearson, C. M. (2010). The cost of bad behavior. Organizational Dynamics, 39(1), 64-71. https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2009.10.006
QUEIROZ, Francisco Alves; DE SOUZA, Laumar Neves. A evolução do conceito de trabalho e sua relação com o desenvolvimento econômico. Cadernos de Ciências Sociais Aplicadas, p. 146-160, 2020.
Rohm, R. H. D., & Lopes, N. F. (2015). O novo sentido do trabalho para o sujeito pós- moderno: uma abor-dagem crítica. Cadernos EBAPE.BR, 13(2), 332-345. https://doi.org/10.1590/1679-395117179.
Ronchi, C. C. (2016). Narcisismo nas organizações: O drama do individualismo no mundo do trabalho. Curitiba: Juruá.
Ronchi, C. C., & Bandeira, N. (2018). Carreira & trabalho: o mundo do Pop-Management e a vida como Business. Curitiba: Juruá.
Ronchi, C. C., Bandeira, N., Melo Jr., J. S. de M., & Oliveira, R. D. (2016). O Discurso Organizacional: Cons-tructo Sedutor para Apreensão de Talentos. Revista Espacios, 37(17). Recuperado de https://www. revistaespacios.com/a16v37n17/in163717.html
Samuel, R., & Kanji, S. (2020). Valuing creativity, feeling overworked and working hours: Male workers and the New Spirit of Capitalism. Time & Society, 29(1), 51-73. https://doi.org/10.1177/0961463X18820730
Sanders, T. (2019). Measuring employee job satisfaction during workplace downsizing. Doctoral dissertation, Nova Southeastern University. Recuperado de https://nsuworks.nova.edu/fse_etd/253.
SANTANA, Leonardo Barreto et al. Comprometimento e entrincheiramento com a organização: anali¬sando as relações com as percepções de insegurança no trabalho, suporte organizacional e autoavaliação de empregabilidade entre trabalhadores bancários. Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI) - UFBA, 2024 . Recuperado de https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39500
Santos, A. R. (2000). Metodologia científica: a construção do conhecimento (3ª ed.). Rio de Janeiro: DP&A Editora.
Siqueira, M. V. S. (2009). Gestão de pessoas e discurso organizacional (2ª ed.). Curitiba: Juruá.
Veloso, E., et al. (2014). Momento social, valores e expectativas: como as mudanças econômicas influenciam a visão dos jovens sobre o trabalho? Revista Organizações em Contexto, 10(19), 279-305. http:// dx.doi.org/10.15603/1982-8756/roc.v10n19p279-305
Virick, M., Lilly, J. D., & Casper, W. J. (2007). Doing more with less: An analysis of work life balance among layoff survivors. Career Development International, 12(5), 463-480. https://doi.org/10.1108/13620430710773772.
Weber, M. (2004). A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras.
Weinberg, A., Sutherland, V., & Cooper, C. (2015). Organizational stress management: A strategic approach. Springer.
Wisetsri, W., Sukcharoen, P., Wichaidit, P., & Sirikul, W. (2021). The effect of layoffs on the performance of survivors at healthcare organizations. NVEO-Natural Volatiles & Essential Oils Journal, 5574-5593. Recuperado de https://www.nveo.org/index.php/journal/article/view/1704.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista de Administração FACES Journal

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade. Declaro, ainda, que uma vez publicado na Revista FACES, editada pela Universidade FUMEC, o mesmo jamais será submetido por mim ou por qualquer um dos demais co-autores a qualquer outro periódico. Através deste instrumento, em meu nome e em nome dos demais co-autores, porventura existentes, cedo os direitos autorais do referido artigo à Universidade Fumec e declaro estar ciente de que a não observância deste compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorias (Nº9609, de 19/02/98).
A Revista de Administração FACES Journal é licenciada sob Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.