Nos interstícios da escolarização e da religiosidade: preconceito e intolerância religiosa em cursos de Educação de Jovens e Adultos

Autores

  • Heli Sabino de Oliveira
  • Jerry Adriani da Silva

Palavras-chave:

Propostas educativas de EJA. Laicidade. Diversidade religiosa. Identidade e diferença cultural.

Resumo

O objetivo com este artigo é analisar as formas pelas quais escolas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) lidam com a diversidade religiosa, bem como os jovens pentecostais ressignificam certas práticas escolares. Para tanto, tomamos como base duas propostas educativas: uma que aborda O Dia da Consciência Negra, visando à promoção da igualdade étnico-racial, e outra que desenvolve uma atividade denominada Festival de Talentos, cuja finalidade é colocar em evidência saberes dos educandos nas áreas do artesanato, da dança, da música e de teatro. Embora possuam objetivos distintos, essas propostas têm em comum o fato de terem sido redefinidas por jovens e adultos, estudantes pentecostais. Enquanto na primeira esses jovens questionam crenças de religiosidades de matrizes africanas, classificando-as como manifestações demoníacas, na segunda, usam o espaço para divulgar suas mensagens por meio de músicas e de pregações religiosas. Tanto em uma situação quanto na outra, os educadores silenciam, por não saberem como tratar essa questão nos estabelecimentos educativos. Neste trabalho, indaga-se por que a religiosidade é uma temática invisibilizada no contexto escolar e procura-se compreender como jovens pentecostais interpretam certas práticas educativas. Para tanto, adotou-se a perspectiva antropológica de Geertz (1989), que compreende a religião como um poderoso sistema simbólico, e a perspectiva dos Estudos Culturais, que destaca a esfera cultural como campo de produção e de disputa por significados. Os dados empíricos constituíram-se de coletas por meio de observação participante e entrevistas. Apesar de evidenciar a dificuldade de se abordar a questão religiosa no espaço escolar, na pesquisa de campo destaca-se a necessidade de questionar as relações sociais de poder, que produzem, não raro, diferenças e intolerâncias nos estabelecimentos educacionais.

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Publicado

30/06/11

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Artigos