CRENÇAS E VALORES MORAIS ADOTADOS PELOS PAIS NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

Autores

  • Lincoln Coimbra Martins

Palavras-chave:

crenças e valores, educação familiar, primeira infância.

Resumo

Neste artigo, relata-se um estudo cujo objetivo foi analisar, na produção discursiva de pais de baixa renda, o conjunto das orientações para crenças e valores morais predominantemente utilizados na educação familiar de crianças entre 2 e 6 anos e as transformações que essas orientações sofrem em situação de interação social. Os referenciais teóricos utilizados se apóiam nos conceitos de desenvolvimento da abordagem sociocultural construtivista e nos estudos sobre moralidade desenvolvidos com base nessa perspectiva. A pesquisa foi realizada com quatro pais de crianças usuárias de uma creche municipal da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Foi realizada uma entrevista semi-estruturada com cada participante em uma das salas da creche e todas foram registradas em fitas de áudio. Foi feita uma análise qualitativa dos conteúdos das entrevistas com base nas seguintes categorias temáticas: a) conceitos de certo e errado; b) agências influentes no desenvolvimento das noções de certo e errado; c) desenvolvimento das noções de certo e errado e função parental; d) ressignificação da avaliação de atitudes e comportamentos como certos e errados em razão do contexto. Os resultados sugerem que o conjunto das orientações para crença adotadas pelos pais na educação das crianças não representa uma simples reprodução de valores, mas expressa um esforço de ressignificação de valores universais à luz das experiências pessoais dos pais em contextos socioculturais particulares. O poder parental na definição do conjunto de crenças e valores morais aparece no discurso dos pais com um peso relativo, sendo tomado ora como contravalor, ora como uma orientação inócua, ora como fator positivo no posicionamento moral do sujeito diante de situações reais de vida. Essa influência mostra-se maior em razão da qualidade do vínculo afetivo e da coerência discurso/comportamento na relação cuidador/ criança.

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