A Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte e a profissionalização das professoras

Resumo

A escolarização elementar mineira, desde finais do século XIX, caracterizou-se pela afluência majoritária de professoras, tendência posteriormente exacerbada em Belo Horizonte devido à sua urbanização previamente planejada para ser a nova capital do Estado. Neste trabalho, analisa-se o papel desempenhado pela Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, inaugurada em 1929, como coroamento da reforma de ensino do governo Antônio Carlos, na consolidação do profissionalismo da professora em Minas Gerais. A atuação dessa Escola no ensino e na pesquisa marcou profundamente a educação mineira em todas suas dimensões, com consequências perceptíveis no tempo presente. Destinada à formação de assistentes, ou inspetores de ensino, grau imediatamente superior ao cargo de professor na hierarquia escolar, a Escola viabilizou uma carreira para o professor, condição fundamental para sua profissionalização. Tributário da chamada nova história cultural, este trabalho focaliza a questão da profissionalização da professora primária expressa nos documentos oficiais da época, tais como, leis, decretos, exposições de motivos, regulamentos, etc. Como contraponto ao discurso oficial, procurou-se acompanhar a dinâmica da luta pela implementação da profissionalização das professoras, registrada pela imprensa da época em reportagens e crônicas, com especial destaque à memória de professoras e alunas presente em autobiografias, entrevistas e depoimentos. De forma inequívoca, esta investigação evidencia a suma importância exercida por essa Escola na profissionalização das professoras em Minas Gerais, inspirando a organização de outras categorias de trabalhadoras/es.