COMO LIDERANÇA E QUALIDADE DE VIDA SE RELACIONAM NO CONTEXTO DO TELETRABALHO NO SERVIÇO PÚBLICO? O PAPEL MEDIADOR DAS PRÁTICAS DE GESTÃO DE PESSOAS

Autores

Palavras-chave:

liderança; qualidade de vida no teletrabalho; práticas de gestão de pessoas; modelo de mediação.

Resumo

O teletrabalho é cada vez mais comum no setor público, impulsionado pelos efeitos pandêmicos e pós-pandêmicos da Covid-19. No entanto, ainda há uma lacuna na literatura no que se refere ao teste de modelos mais sofisticados envolvendo variáveis de gestão de pessoas e comportamento organizacional.  Notadamente, a relação entre liderança, práticas de gestão de pessoas (GP) e qualidade de vida no teletrabalho (QVTe) ainda é inexplorada. Por conseguinte, o principal objetivo do estudo foi verificar, utilizando a modelagem por equações estruturais, se as práticas de GP podem mediar a relação entre liderança e QVTe em servidores públicos que atuam ou atuaram no teletrabalho. A pesquisa caracterizada como quantitativa e explicativa reuniu uma amostra de 158 servidores públicos de aproximadamente 50 organizações diferentes. Os resultados revelaram a mediação parcial das práticas de GP em relação ao contexto do teletrabalho, um dos fatores de QVTe. Esses achados constituem um avanço para a literatura ao preencher a lacuna identificada. Enquanto implicações práticas, os resultados coligidos fornecem insights para os gestores públicos, já que compreender a importância da liderança e das práticas de GP na promoção de um ambiente de teletrabalho saudável pode melhorar a experiência dos servidores públicos nesse contexto.

Biografia do Autor

Bruna Stamm de Barros Barreto, Universidade de Brasília (UnB)

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Brasília (UnB). Atua como pesquisadora e consultora em projetos voltados à gestão pública, com ênfase na proposição de metodologias e no desenvolvimento de modelos aplicados, especialmente no campo do dimensionamento da capacidade produtiva.

Gisela Demo, Universidade de Brasília (UnB)

Professora titular da Universidade de Brasília. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Doutora em Psicologia Organizacional pela Universidade de Brasília com pós-doutorado em Management pela University of California/EUA. Publicou 95 artigos em revistas científicas, 4 livros e 24 capítulos em livros nacionais e internacionais.

Referências

Abdullah, H., & ., N. I. (2012). Quality of work and life balance in teleworking. International Business Management, 6(2), 119–130. https://doi.org/10.3923/ibm.2012.119.130

Adamovic, M., Gahan, P., Olsen, J., Gulyas, A., Shallcross, D., & Mendoza, A. (2021). Exploring the adoption of virtual work: The role of virtual work self-efficacy and virtual work climate. The International Journal of Human Resource Management, 1–34. https://doi.org/10.1080/09585192.2021.1913623

Aguinis, H., & Burgi-Tian, J. (2021). Talent management challenges during COVID-19 and beyond: Performance management to the rescue. BRQ Business Research Quarterly, 24(3), 233–240. https://doi.org/10.1177/23409444211009528

Ahmed, I., Rehman, W.-u., Ali, F., Ali, G., & Anwar, F. (2018). Predicting employee performance through organizational virtuousness. Journal of Management Development, 37(6), 493–502. https://doi.org/10.1108/jmd-04-2017-0115

Aktar, A., & Pangil, F. (2018). Mediating role of organizational commitment in the relationship between human resource management practices and employee engagement. International Journal of Sociology and Social Policy, 38(7-8), 606–636. https://doi.org/10.1108/ijssp-08-2017-0097

Andrade, L. L. S., Oliveira, M. A., & Pantoja, M. J. (2019, 2 a 4 de setembro). Teletrabalho no setor público: uma revisão sistemática da literatura internacional a partir do método Proknow-c. Anais do 3º Congresso Internacional de Desempenho do Setor Público. Florianópolis.

Andrade, L. L. S., Pantoja, M. J., & Figueira, T. G. (2020, 14 a 16 de outubro). Escala de qualidade de vida no teletrabalho: Percepções de servidores e gestores públicos brasileiros. Anais do XLIV Encontro da Anpad. Evento Online.

Antonacopoulou, E. P., & Georgiadou, A. (2020). Leading through social distancing: The future of work, corporations and leadership from home. Gender, Work & Organization. https://doi.org/10.1111/gwao.12533

Baron, R. M., & Kenny, D. A. (1986). The moderator–mediator variable distinction in social psychological research: Conceptual, strategic, and statistical considerations. Journal of Personality and Social Psychology, 51(6), 1173–1182. https://doi.org/10.1037/0022-3514.51.6.1173

Barreto, B. S. B., & Demo, G. (2022, 16 a 18 de novembro). Qual modelo de liderança inspira melhores práticas de gestão de pessoas e contribui para uma maior qualidade de vida no teletrabalho no serviço público? Anais do 33º ENANGRAD. Encontro Online.

Barros, A. M., & Silva, J. R. G. d. (2010). Percepções dos indivíduos sobre as consequências do teletrabalho na configuração home-office: Estudo de caso na Shell Brasil. Cadernos EBAPE.BR, 8(1), 71–91. https://doi.org/10.1590/s1679-39512010000100006

Bartsch, S., Weber, E., Büttgen, M., & Huber, A. (2020). Leadership matters in crisis-induced digital transformation: How to lead service employees effectively during the COVID-19 pandemic. Journal of Service Management, 32(1), 71–85. https://doi.org/10.1108/josm-05-2020-0160

Bathini, D. R., & Kandathil, G. M. (2017). An orchestrated negotiated exchange: Trading home-based telework for intensified work. Journal of Business Ethics, 154(2), 411–423. https://doi.org/10.1007/s10551-017-3449-y

Bianchi, E. M. P. G., Quishida, A., & Foroni, P. G. (2017). Atuação do líder na gestão estratégica de pessoas: Reflexões, lacunas e oportunidades. Revista de Administração Contemporânea, 21(1), 41–61. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2017150280

Boon, C., Den Hartog, D. N., & Lepak, D. P. (2019). A systematic review of human resource management systems and their measurement. Journal of Management, 45(6), 2498–2537. https://doi.org/10.1177/0149206318818718

Carnevale, J. B., & Hatak, I. (2020). Employee adjustment and well-being in the era of COVID-19: Implications for human resource management. Journal of Business Research, 116, 183–187. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.05.037

Cochran, W. G. (2007). Sampling techniques. (3. ed.). New York: John Wiley & Sons.

Cohen, J. (1992). A power primer. Psychological Bulletin, 112(1), 155–159. https://doi.org/10.1037/0033-2909.112.1.155

Cooke, F. L., Dickmann, M., & Parry, E. (2020). IJHRM after 30 years: Taking stock in times of COVID-19 and looking towards the future of HR research. The International Journal of Human Resource Management, 32(1), 1–23. https://doi.org/10.1080/09585192.2020.1833070

Cooper, C. D., & Kurland, N. B. (2002). Telecommuting, professional isolation, and employee development in public and private organizations. Journal of Organizational Behavior, 23(4), 511–532. https://doi.org/10.1002/job.145

Coura, K. V., Demo, G., & Scussel, F. (2022). Leadership and Human Resources Management Practices: The mediating role of organizational virtues. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 38. https://doi.org/10.1590/0102.3772e38519.en

da Silva Abbad, G., Legentil, J., Damascena, M., Miranda, L., Feital, C., & Rabelo Neiva, E. (2019). Percepções de teletrabalhadores e trabalhadores presenciais sobre desenho do trabalho. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 19(4), 772–780. https://doi.org/10.17652/rpot/2019.4.17501

de Velasco, S. M. V., Pantoja, M. J., & Mesquita Oliveira, M. A. (2023). Qualidade de vida no teletrabalho compulsório no contexto da COVID-19: Percepções entre os gêneros em organizações públicas. Administração Pública e Gestão Social. https://doi.org/10.21118/apgs.v15i1.13689

de Vries, H., Tummers, L., & Bekkers, V. (2018). The benefits of teleworking in the public sector: Reality or rhetoric? Review of Public Personnel Administration, 39(4), 570–593. https://doi.org/10.1177/0734371x18760124

Demo, G. (2016). Políticas e Práticas de Gestão de Pessoas: Possibilidades de diagnóstico para gestão organizacional. In Mendonça, H., Ferreira, M. C., & Neiva, E. R. (Eds.). Análise e Diagnóstico Organizacional: Teoria e prática (pp. 117-148). São Paulo: Vetor.

Demo, G., Costa, A. C., Coura, K., Miyasaki, A. C., & Fogaça, N. (2020). What do scientific research say about the effectiveness of human resource management practice? Current itineraries and new possibilities. Revista de Administração da UNIMEP, 18(3), 138-158.

Demo, G., Costa, A. C. R., & Coura, K. V. (2024). HRM practices in the public service: A measurement model. RAUSP Management Journal. https://doi.org/10.1108/rausp-01-2023-0005

Demo, G., Fernandes, T., & Fogaça, N. (2017). A influência dos valores organizacionais na percepção de políticas e práticas de gestão de pessoas. REAd. Revista Eletrônica de Administração (Porto Alegre), 23(1), 89–117. https://doi.org/10.1590/1413-2311.093.57040

Demo, G., Fogaça, N., & Costa, A. C. (2018). Políticas e práticas de gestão de pessoas nas organizações: Cenário da produção nacional de primeira linha e agenda de pesquisa. Cadernos EBAPE.BR, 16(2), 250–263. https://doi.org/10.1590/1679-395159073

Diamond, C. (2008). Telework management and work practices: The case of an Australian telecentre. International Journal of Services Technology and Management, 9(2), 93. https://doi.org/10.1504/ijstm.2008.018422

Ferreira, M. C. & Falcão, J. T. R. (2020). Work in the context of COVID-19 pandemic, mental health and quality of work life: Essential guidelines. Pp. 23-30. In The impacts of the pandemic on workers and their work relationship. M. M. de Moraes (Org.). Porto Alegre: Artmed.

Field, A. P. (2017). Discovering statistics using IBM SPSS statistics. SAGE Publications, Limited.

Golden, T. D. (2006). The role of relationships in understanding telecommuter satisfaction. Journal of Organizational Behavior, 27(3), 319–340. https://doi.org/10.1002/job.369

Grant, C. A., Wallace, L. M., & Spurgeon, P. C. (2013). An exploration of the psychological factors affecting remote e?worker's job effectiveness, well?being and work?life balance. Employee Relations, 35(5), 527–546. https://doi.org/10.1108/er-08-2012-0059

Hair, J. F., Babin, B. J., Anderson, R. E., & Black, W. C. (2018). Multivariate Data Analysis. Cengage, UK.

Kim, S. Y., & Lee, D. (2019). Work–Life program participation and employee work attitudes: A quasi-experimental analysis using matching methods. Review of Public Personnel Administration, 40(3), 468–490. https://doi.org/10.1177/0734371x18823250

Kline, R. B. (2015). Principles and practice of structural equation modeling. Guilford publications.

Kwon, M., Cho, Y. J., & Song, H. J. (2019). How do managerial, task, and individual factors influence flexible work arrangement participation and abandonment? Asia Pacific Journal of Human Resources. https://doi.org/10.1111/1744-7941.12251

Lizano, E. L., Hsiao, H.-Y., Mor Barak, M. E., & Casper, L. M. (2014). Support in the workplace: Buffering the deleterious effects of work–family conflict on child welfare workers’ well-being and job burnout. Journal of Social Service Research, 40(2), 178–188. https://doi.org/10.1080/01488376.2013.875093

Lorch, R. F., & Myers, J. L. (1990). Regression analyses of repeated measures data in cognitive research. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition, 16(1), 149–157. https://doi.org/10.1037/0278-7393.16.1.149

Martínez Sánchez, A., Pérez Pérez, M., de Luis Carnicer, P., & José Vela Jiménez, M. (2007). Teleworking and workplace flexibility: A study of impact on firm performance. Personnel Review, 36(1), 42–64. https://doi.org/10.1108/00483480710716713

Maruyama, T., & Tietze, S. (2012). From anxiety to assurance: Concerns and outcomes of telework. Personnel Review, 41(4), 450–469. https://doi.org/10.1108/00483481211229375

Mayo, M., Gomez-Mejia, L., Firfiray, S., Berrone, P., & Villena, V. H. (2016). Leader beliefs and CSR for employees: The case of telework provision. Leadership & Organization Development Journal, 37(5), 609–634. https://doi.org/10.1108/lodj-09-2014-0177

Melo, T. A. d., & Demo, G. (2024). Home sweet home? The mediating role of human resource management practices in the relationship between leadership and quality of life in teleworking in the public sector. Sustainability, 16(12), 5006. https://doi.org/10.3390/su16125006

Ministério da Economia. (2022). ME divulga a visão geral dos vínculos dos servidores. Portal da Transparência. https://www.portaltransparencia.gov.br/orgaossuperiores/25000-ministerio-da-economi

Mourão, L., Faiad, C., & Coelho Junior, F. A. (2016). Análise psicométrica da escala de heteroavaliação de estilos de liderança. Estudos de Psicologia, 21(3). https://doi.org/10.5935/1678-4669.20160028

Palumbo, R., Fakhar Manesh, M., & Petrolo, D. (2022). What makes work smart in the public sector? Insights from a bibliometric analysis and interpretive literature review. Public Management Review, 1–26. https://doi.org/10.1080/14719037.2022.2152479

Parker, C., Scott, S., & Geddes, A. (2019). Snowball Sampling. In P. Atkinson, S. Delamont, A. Cernat, J.W. Sakshaug, & R.A. Williams (Eds.), SAGE Research Methods Foundations.

Purvanova, R. K., & Kenda, R. (2018). Paradoxical virtual leadership: Reconsidering virtuality through a paradox lens. Group & Organization Management, 43(5), 752–786. https://doi.org/10.1177/1059601118794102

Renard, K., Cornu, F., Emery, Y., & Giauque, D. (2021). The impact of new ways of working on organizations and employees: A systematic review of literature. Administrative Sciences, 11(2), 38. https://doi.org/10.3390/admsci11020038

Rocha, C. T. M. d., & Amador, F. S. (2018). O teletrabalho: Conceituação e questões para análise. Cadernos EBAPE.BR, 16(1), 152–162. https://doi.org/10.1590/1679-395154516

Santana, M., & Cobo, M. J. (2020). What is the future of work? A science mapping analysis. European Management Journal, 38(6), 846–862. https://doi.org/10.1016/j.emj.2020.04.010

Schall, M. C., & Chen, P. (2021). Evidence-Based strategies for improving occupational safety and health among teleworkers during and after the coronavirus pandemic. Human Factors: The Journal of the Human Factors and Ergonomics Society, 001872082098458. https://doi.org/10.1177/0018720820984583

Stephen, T., & Armstrong, M. (2020). Armstrong's handbook of human resource management practice. Kogan Page, Limited.

Suciu, L.-E., Mortan, M., & Lazar, L. (2013). Vroom’s expectancy theory. An empirical study: Civil servant’s performance appraisal influencing expectancy. Transylvanian Review of Administrative Sciences, 9(39), 180–200.

Tabachnick, B. G., & Fidell, L. S. (2019). Using multivariate statistics (7th ed). Boston: Pearson Allyn And Bacon.

Tresierra, C. E. V., & Pozo, A. C. L. (2020). La fatiga y la carga mental en los teletrabajadores: A propósito del distanciamiento social. Rev Esp Salud Pública, 94, 1-17.

Van Wart, M., Roman, A., Wang, X., & Liu, C. (2017). Operationalizing the definition of e-leadership: Identifying the elements of e-leadership. International Review of Administrative Sciences, 85(1), 80–97. https://doi.org/10.1177/0020852316681446

Vilarinho, K. P. B., Paschoal, T., & Demo, G. (2021). Teletrabalho na atualidade: Quais são os impactos no desempenho profissional, bem-estar e contexto de trabalho? Revista do Serviço Público, 72(01), 33–162. https://doi.org/10.21874/art-5-2022-01-19-61e8631b4c10b

Villarinho, K. P. B., & Paschoal T. (2016, 25 a 28 de setembro). Teletrabalho no Serpro: Pontos positivos e negativos e relações com desempenho profissional, bem-estar e contexto de trabalho. Anais do 40º Encontro Nacional dos Programas de Pós- Graduação em Administração. Costa do Sauípe.

Wickramasinghe, V., & Dolamulla, S. (2016). The effects of HRM practices on teamwork and career growth in offshore outsourcing firms. Global Business and Organizational Excellence, 36(2), 46–60. https://doi.org/10.1002/joe.21769

Yukl, G. (2012). Effective leadership behavior: What we know and what questions need more attention. Academy of Management Perspectives, 26(4), 66–85. https://doi.org/10.5465/amp.2012.0088

Downloads

Publicado

24/04/25

Edição

Seção

Artigos