“EU SEMPRE FUI ADULTO, PORQUE NA REALIDADE, EU SEMPRE TRABALHEI”

TRABALHO E TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA DE JOVENS TRABALHADORES

Autores

Palavras-chave:

Juventudes, Transição, Representações sociais, Jovens trabalhadores, Adultização

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as percepções de jovens egressos de um programa de aprendizagem profissional em relação à transição para a vida adulta.  Foi realizado um estudo qualitativo, com 26 aprendizes egressos de diferentes regiões do país. A pesquisa foi conduzida a partir de entrevistas, submetidas à técnica de análise de conteúdo. Os resultados indicam paradoxos entre as representações sociais do que é ser adulto e ser jovem, que remetem, no primeiro caso, ao trabalho, à responsabilidade e à autonomia; e no segundo, à ausência de experiência, à dependência e à imaturidade. Essas concepções são elaboradas a partir de aspectos socialmente construídos, em detrimento de critérios biológicos e etários. No processo de transição para a vida adulta, pode ocorrer a adultização precoce, destacando-se a necessidade de ter autonomia e independência financeira, aspectos que tendem a colocar o trabalho em uma posição de centralidade na vida desses jovens. Apesar de a inserção profissional via aprendizagem possibilitar um emprego formal e experiências valorizadas no futuro, a trajetória dos jovens trabalhadores se mostra não linear e condicionada por marcadores sociais. 

Biografia do Autor

Jane Kelly Dantas Barbosa, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Professora Adjunta da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Doutora e mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais, na linha de Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional. Bacharela em Administração pela Universidade Federal de Ouro Preto.

Silas Dias Mendes Costa, Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Doutor (UFMG, 2023), Mestre (UFMG, 2018) e Bacharel (UESC, 2017) em Administração, com atuação na área de Gestão de Pessoas. Professor Adjunto do Curso de Administração da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Coordenador do Núcleo de Pesquisas sobre Comportamento Humano, Organizações e Trabalho (NuCHOT / UFRR).

Kely César Martins de Paiva, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora, Mestre e Bacharel em Administração (UFMG, 2007, 1999, 1992). Professora Associada III e Pesquisadora na Faculdade de Ciências Econômicas (FACE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Comportamento, Pessoas e Organizações (NECOP, UFMG, desde 2014). Bolsista Produtividade 2 e parecerista ad hoc do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)(2019-2022; 2022-2025). Atual Diretora da Faculdade de Ciências Econômicas (FACE/UFMG) (2022-2026).

Adriana Ventola Marra, Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Doutora e Mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora Titular da Universidade Federal de Viçosa/Campus de Florestal. Pesquisadora do grupo Estudos de ciências humanas e aplicadas da UFV. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Gestão de Pessoas e Comportamento Humano nas Organizações.

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24/04/25

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Artigos