AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO À COMPRESSÃO DE PAREDES INTERTRAVADAS COM TIJOLOS DE REJEITOS DE MINÉRIO DE FERRO

Autores

  • Judy Norka Rodo de Mantilla FEA-FUMEC
  • Terezinha Espósito
  • Luis Eustáquio Moreira
  • Edgar Vladimiro Mantilla Carrasco

Resumo

Este trabalho trata da avaliação técnica do desempenho de paredes executadas com tijolos de rejeitos de minério de ferro e cimento (TSFC) quando solicitadas à compressão simples. Foram construídas três paredes no Laboratório de Análise Experimental de Estruturas da UFMG, com dimensões de 150 cm de largura, 240 cm de altura e 15 cm de espessura e ensaiadas em um pórtico de reação com aplicação monotônica de carga, registrando-se as medidas do encurtamento e do deslocamento lateral das mesmas, seguindo as especificações da norma brasileira NBR 10837. Durante os ensaios surgiram as primeiras fissuras com uma tensão de 0,56 MPa, correspondente a apenas 3,8 % da tensão de ruptura do tijolo isolado. Em relação aos deslocamentos das paredes, vertical e horizontal, constatou-se que o deslocamento horizontal foi praticamente desprezível em todas elas. Quando do aparecimento das microfissuras, estas evoluíram para fissuras e finalmente para trincas, assim a ruptura das paredes ocorreu por esmagamento, após uma ocorrência generalizada de trincas, do mesmo modo que os tijolos, o que indica uma regularidade de comportamento. Não foi observada flambagem das paredes devido ao deslocamento horizontal ser desprezível no colapso. Foram realizados também ensaios de compressão para determinação da resistência do tijolo, do prisma (dois tijolos sobrepostos) e da argamassa, seguindo as especificações de normas nacionais. Os resultados mostraram uma alta resistência à compressão dos tijolos, média de 14,57 MPa, com coeficiente de variação relativamente pequeno, 13,6%, para 7 de corpos-deprova ensaiados. Todos eles romperam-se do mesmo modo, por esmagamento. Sob ambos os aspectos analisados, resistência e modo de ruptura, há uma regularidade nos resultados, o que é um fator positivo. Os prismas do mesmo modo, apresentaram também alta resistência à compressão, 9,82 MPa em média, com coeficiente de variação também relativamente baixo, 13,1%, embora se constatasse uma perda de resistência da ordem de 33%, em relação ao tijolo isolado. Esses prismas também se romperam por esmagamento, do mesmo modo que os tijolos. A argamassa apresentou uma alta resistência à compressão, média de 25,2 MPa, e ótimo desempenho, com desvio padrão de apenas 0,88. A parede apresentou boa resistência mecânica, cuja tensão limite de resistência foi de 2,05 MPa, em média, o que representa 14 % da resistência dos tijolos. No que se refere às deformações das paredes observou-se que para a tensão limite de resistência de 2,05 MPa, média das três paredes, ocorreram deformações relativamente altas, de 0,6 %. Isto significa que a parede é flexível. Para a tangente do ângulo da reta com a horizontal denominado módulo de deformabilidade axial, se obteve um valor médio de 420 MPa. Ressalta-se que paredes de tijolos queimados cerâmicos e blocos de concreto apresentam módulos de deformabilidade axial de 1170 MPa e 720 MPa, respectivamente, o que significa que as paredes ensaiadas são mais deformáveis do que aquelas. Em serviço, os materiais devem estar abaixo dos estados limites, tanto de resistência quanto de utilização. Dessa forma, com base na tensão de fissuração média de 0,56 MPa e adotado um coeficiente de segurança de 2, o valor da tensão máxima de cálculo é de 0,28 MPa, ou seja, as paredes podem absorver uma carga correspondente a essa tensão, que para a área das paredes ensaiadas corresponde a uma carga de 63 kN. Um aspecto muito positivo, pertinente de comentar, é que a tensão de cálculo de 0,28 MPa é apenas 13,6 % da tensão limite de resistência (2,05 MPa) da parede e 1,9 % da resistência à compressão média do tijolo (14,57 MPa), ou seja, há uma reserva muito grande em termos de resistência. Palavras-chave: Desempenho de paredes, tijolos, rejeitos de minério de ferro.

Biografia do Autor

Judy Norka Rodo de Mantilla, FEA-FUMEC

Dra. Escola de Engenharia de São Carlos – USP
Profa Assistente, Faculdade de Engenharia e Arquitetura

Terezinha Espósito

Dra. Escola de Minas - UFOP
Prof a Associada, Depto. de Engenharia de Transportes
e Geotecnia, Escola de Engenharia – UFMG

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