CHAMADA PARA ARTIGOS | Ano 2024 - Número 37 (jul-dez)
CHAMADA PARA ARTIGOS
Ano 2024 - Número 37 (jul-dez)
Data limite para envio de artigos: 31 de outubro de 2024
Publicação do dossiê: 31 de dezembro de 2024
TEMA DO DOSSIÊ
Comunicação e epistemologias feministas
Convidamos a comunidade acadêmica em Comunicação e áreas afins a enviar artigos para o número 37 da Revista Mediação, cujo dossiê temático versa sobre “Comunicação e epistemologias feministas".
APRESENTAÇÃO
Há várias décadas as críticas feministas à ciência vêm denunciando seu viés androcêntrico e questionando pressupostos como a neutralidade de métodos, a universalidade de proposições teórico-conceituais e a objetividade das análises, bem como a exclusão e a invisibilidade das mulheres nos diferentes âmbitos da produção do conhecimento. Do mesmo modo, buscam apresentar alternativas, propondo, por exemplo, o reconhecimento das subjetividades e a criação de práticas científicas que assumam compromisso com a transformação social a partir das relações de gênero. Logo, abordagens feministas das ciências objetivam a construção de saberes “de relevância para as mulheres e suas (nossas) lutas” (Sardenberg, 2007, p. 1). Podemos dizer que no uso do plural dos termos “mulheres” e “lutas” aparece refletida a multiplicidade de sujeitos, a diversidade de questões que se interseccionam e que devem ser consideradas também na produção científica. Neste sentido, as vertentes como feminismo negro, feminismo comunitário, feminismo interseccional, feminismo anticapacitista, feminismo decolonial, feminismo socialista e transfeminismo, entre outros, contribuem com a fundamentação de conceitos, categorias e estratégias metodológicas que permitem complexificarmos nossas interpretações.
Tal perspectiva tem ganhado espaço nos estudos em Comunicação com a abordagem de produtos, processos, sujeitos e contextos do campo a partir da chave de gênero e suas interseccionalidades. Este olhar permite a construção de uma crítica à concepção epistemológica hegemônica, de “[...] caráter particularista, ideológico, racista e sexista: o saber ocidental opera no interior da lógica da identidade, valendo-se de categorias reflexivas, incapazes de pensar a diferença”, como explica Margareth Rago (2019, p. 374). Assim, a partir desta pluralidade epistemológica podemos também refletir sobre uma comunicação plural, que não seja analisada a partir de uma perspectiva supostamente neutra, mas que parta de múltiplos pontos de vista e experiências e considere variáveis e contextos sociais e econômicos tanto de pesquisadores quanto dos fenômenos e sujeitos estudados.
Neste sentido, o dossiê busca reunir contribuições fundamentadas nos saberes e fazeres feministas que versem sobre a Comunicação, contemplando tanto as dinâmicas do processo investigativo próprio da ciência quanto o estudo dos objetos e sujeitos comunicativos. Incentivam-se abordagens plurais que integrem outros marcadores sociais da diferença, buscando compreender as interseccionalidades e atravessamentos que influenciam as vivências e perspectivas de sujeitos nos diferentes âmbitos: produtoras/es, público e investigadoras/es.
Sugestão de tópicos a serem abordados (não limitados a):
- Práticas feministas na pesquisa em Comunicação;
- Análise de produções midiáticas e jornalísticas com perspectiva de gênero;
- Abordagens metodológicas com perspectiva de gênero nos estudos de comunicação;
- Atuação histórica dos movimentos feministas na comunicação e das produções comunicativas feministas;
- Desafios e usos da interseccionalidade na pesquisa em Comunicação;
- Contribuições críticas da epistemologia feminista à epistemologia da Comunicação;
- Ativismos feministas na ciência e transformações no campo da Comunicação;
- A construção epistemológica do campo da Comunicação pelo olhar de gênero e suas interseccionalidades;
- Apropriações, contribuições e diálogos interdisciplinares entre os estudos de gênero e de Comunicação;
- Estudos acerca das contribuições da comunicação antirracista para a tomada da palavra, produção discursiva e emancipação das mulheres negras.
Editoras convidadas
Debora Cristina Lopez (UFOP), Juliana Gobbi Betti (UFOP) e Ana Veloso (UFPE)
Referências
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