CHAMADA PARA ARTIGOS | Ano 2025 - Número 38 (jan-jun)
CHAMADA PARA ARTIGOS – REVISTA MEDIAÇÃO
Ano 2025 - Número 38 (jan-jun)
Data limite para envio de artigos: 30 de abril de 2025
Publicação do dossiê: 30 de junho de 2025
TEMA DO DOSSIÊ
Comunicação e Esporte: tradições e disforias
Convidamos a comunidade acadêmica em Comunicação, Artes, Letras e áreas afins a enviar artigos para o número 38 da Revista Mediação, cujo dossiê temático versa sobre “Comunicação e Esporte: tradições e disforias".
APRESENTAÇÃO
Ao longo do Século XX e início do Século XXI, o esporte passou a representar um fenômeno com implicações sociais, culturais, econômicas, comunicacionais e políticas. Diferentes modalidades esportivas lançam modas e comportamentos, estimulam o mercado publicitário e a economia global, promovem o surgimento de inovações tecnológicas, geram produções discursivas, midiáticas e artísticas de diferentes matizes e criam relações identitárias entre diversos grupos sociais. Este dossiê objetiva investigar e debater tais questões, de forma a melhor compreender os fenômenos esportivos em torno de suas relações com o campo da comunicação e áreas afins, como o das artes e letras.
Além disto, esta iniciativa pretende criar um fórum privilegiado para que a relação entre o esporte e a comunicação possa abrigar a vasta e diversa produção acadêmica que se desenvolveu no Brasil especialmente nas últimas três décadas. Até os anos de 1990, por exemplo, eram escassos os trabalhos, nos cursos de graduação e de pós-graduação em comunicação no país, que optavam por se dedicar ao esporte. Quase sempre se tratava de iniciativas isoladas, sem vínculo com grupos estabelecidos de pesquisa, e que propunham uma leitura a contrapelo do que a academia e o mercado costumavam prestigiar em seus espaços.
Mas por que um fenômeno tão capilarizado em nossa sociedade como o esporte estava tão alijado das pesquisas acadêmicas no Brasil? Uma das explicações possíveis tinha a ver com o fato de que se cristalizara nas décadas de 1960 a 1980 uma tradição de estudos que associava o esporte aos conceitos de disciplina e alienação, e que via nas práticas esportivas de alto rendimento as mesmas estruturas de exploração do indivíduo na sociedade pós-Revolução Industrial. Ademais, o esporte estaria relacionado a uma atividade de tempo livre, de lazer, relacionada ao tempo não útil – daí o fato de ele ser entendido também como algo à margem dos temas importantes que regulamentam a vida social. O campo do jornalismo brasileiro também cresceu e solidificou-se enxergando o esporte como um assunto pertencente a uma editoria “menor” quando confrontada com as “editorias importantes” (Política, Economia, Internacional etc.).
No final do século XX, entretanto, assiste-se no Brasil e no mundo um novo desdobrar dos estudos sobre o esporte, que passa a ser compreendido por meio das teorias da comunicação e de análises discursivas sobre os meios de comunicação e a literatura. Do mesmo modo, o esporte também passou a ser investigado a partir de novas imbricações com os campos das Ciências Humanas e Sociais, nomeadamente os relacionados com a Antropologia, a Sociologia e a História. Diferentes perspectivas ofereceram-se então às pessoas interessadas em examinar esse fenômeno nos programas de pós-graduação brasileiros. Desassociado em parte do estigma de ser o “ópio do povo”, o esporte ganhou outra vida, reconhecendo-se nele o palco e a arena em que vislumbramos nossos conflitos e nossos anseios, em que projetamos nossas frustrações e nossas alegrias, em que identificamos as contradições e as riquezas que formam nossa tessitura social.
Este dossiê, intitulado provocativamente de “Comunicação e Esporte: tradições e disforias”, procura justamente confrontar estudos já canônicos e clássicos sobre o esporte com novas abordagens que ofereçam referenciais teórico-metodológicos dissonantes e reveladores da riqueza atual das pesquisas sobre a relação do esporte com a comunicação, as artes e a literatura. Busca-se valorizar assim tanto as visões tradicionais já consolidadas como as novas miradas peculiares e inovadoras, obviamente desde que consistentes. Segue-se abaixo uma lista ilustrativa de tópicos bem-vindos – mas não exclusivos – para submissão à Revista Mediação.
Sugestão de tópicos a serem abordados:
- Esporte e práticas jornalísticas
- Esporte e suas representações no audiovisual
- Esporte e literatura (conto, crônica, romance, poesia)
- Esporte e humor gráfico
- Esporte e seus diálogos com a publicidade
- Comunicação e esporte nas redes sociais
- Comunicação organizacional e esporte
- Práticas discursivas sobre as relações de gênero no esporte
- Discursos contra o racismo no esporte
- Esporte e ecossistema midiático
- Comunicação e megaeventos esportivos
- Esporte e estética
Referências
CAMPOS, Priscila Augusta Ferreira Campos; CORNELSEN, Elcio Loureiro; SILVA, Silvio Ricardo da. (Orgs.). Futebol, linguagem artes, cultura e lazer – vol. II: produção acadêmica sobre futebol - análises e perspectivas. Rio de Janeiro: Jaguatirica, 2017.
GIGLIO, Sérgio Settani; PRONI, Marcelo Weishaupt. (Orgs.). O futebol nas ciências humanas no Brasil. Campinas (SP): Editora da Unicamp, 2020.
HELAL, Ronaldo; COSTA, Leda; AMARO, Fausto; FONTENELLE, Carol. (Orgs.). Estudos em mídia, esporte e cultura. Rio de Janeiro: Appris / Faperj, 2021.
MARQUES, José Carlos; ROCCO JR., Ary José. Qual legado – Leituras e Reflexões sobre os Jogos Olímpicos Rio-2016. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2018.
VIMIEIRO, Ana Carolina; FORTES, Rafael. (Orgs.). A pesquisa em comunicação e esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Letra e Imagem Editora - selo Fólio Digital, 2023.
COORDENADORES DO DOSSIÊ
José Carlos Marques: Professor Associado da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru); docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e do Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design. É Livre-Docente em Comunicação e Esporte pela Unesp, Doutor em Ciências da Comunicação - Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É Bacharel e Licenciado em Letras (Português – Francês) pela Universidade de São Paulo, e Pós-Doutor em História também pela USP. É líder do GECEF (Grupo de Estudos em Comunicação sobre Esporte e Futebol) e integrante do LUDENS (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Futebol e Modalidades Lúdicas).
Elcio Loureiro Cornelsen: Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários (PÓSLIT), da Faculdade de Letras, e do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer (PPGIEL), da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. É Doutor em Estudos Germanísticos, pela Freie Universität Berlin, na Alemanha, Mestre e Bacharel em Língua e Literatura Alemã, pela Universidade de São Paulo, com Pós-Doutorado em Estudos Organizacionais, pela FGV-EAESP, em Teoria e História Literária, pelo Instituto de Estudos da Linguagem, da Unicamp, e em História Comparada, pelo Instituto de História da UFRJ. É integrante do FULIA (Núcleo de Estudos sobre Futebol, Linguagem e Artes; UFMG) e do Grupo Integrado de Pesquisa Literatura e Autoritarismo (UFSM).
