Monstruosidade e colonialidade no filme Sob a Pele.
Palavras-chave:
Colonialidade, Monstruosidade, Cinema, Feminino, ComunicaçãoResumo
O presente estudo investiga a interseção entre o feminino e a noção de monstruosidade no filme Sob a Pele (2013), dirigido por Jonathan Glazer, à luz da construção histórica do monstro na cultura ocidental. Esta investigação destaca a persistência dos estereótipos de subserviência e fragilidade associados ao feminino, conforme observado em diversas expressões artísticas, e ressalta o papel do pensamento logocêntrico na marginalização do desejo e da liberdade do corpo feminino. Adriano Denovac (2016) introduz o conceito de lapsos reminiscentes para descrever os resquícios do passado que continuam a influenciar a cultura contemporânea, inclusive nas produções cinematográficas. Este estudo, inspirado pelo termo de Denovac, propõe-se a explorar os elementos do filme que refletem os lapsos reminiscentes do feminino monstruoso, especialmente relacionados ao conceito de colonialidade de Maldonado-Torres (2019), que contribui para a criação de uma diferença subontológica na cultura. A análise do filme é conduzida utilizando o modelo de análise proposto por Martine Joly (1994), o qual enfoca a tradução verbal do conteúdo visual, os textos que acompanham as imagens e as associações com fatores culturais pré-codificados, apoiados pela bibliografia consultada. Desta maneira, o estudo revela elementos estéticos da linguagem audiovisual que desafiam os padrões estabelecidos pelo modelo colonial, conforme descrito por Maldonado-Torres, e que evidenciam os lapsos reminiscentes dos elementos monstruosos associados ao feminino. Essa investigação visa aprofundar a compreensão da representação do feminino no cinema contemporâneo e sua interrelação com questões de poder, gênero e colonialidade, contribuindo assim para o debate acadêmico sobre esses temas.
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