Pesquisa em acessibilidade comunicativa
atravessamentos éticos e metodológicos
Palavras-chave:
acessibilidade comunicativa, pesquisa, metodologia, éticaResumo
Este artigo parte de experiência em pesquisa experimental para tecer reflexões éticas e metodológicas sobre investigações em acessibilidade comunicativa, mídia e deficiência. Como campo de estudos ainda em construção, existem dificuldades de encontrar referências e bancos de dados consolidados, o que incide em estudos com contornos tentativos e necessidade de desenhos metodológicos que possibilitem a construção destes conjuntos. Estes movimentos trazem dificuldades em relação às dimensões ética e metodológica e à importação de métodos e técnicas de outras áreas do conhecimento. A partir de pesquisa de dissertação, que investigou a inserção da acessibilidade comunicativa na formação de jornalistas, articulamos relato de experiência com reflexões éticas, metodológicas e epistemológicas. Defendemos que as pesquisas em acessibilidade comunicativa, mídia e deficiência adotem perspectivas decoloniais para a produção de ciência, pensando não apenas na localização geográfica, mas também na contribuição de conhecimentos produzidos por outras corporalidades. Consideramos estratégica a adoção de protocolos de aplicação de entrevistas, coletas e análise de dados, a fim de aumentar o rigor dos resultados. Refletimos sobre procedimentos éticos, o que inclui a submissão do projeto em Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, mas também incide na dimensão da teoria e escolhas metodológicas - e que exige vigilância epistemológica constante. Por fim, pesquisas experimentais devem ser consideradas como possibilidade de construção do respectivo campo de conhecimento e, consequentemente, de avanço científico.
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