Movimento Clean Girl

misoginia, fascismo e o controle dos corpos a partir das redes sociais

Autores

  • Augusto Molinari Veloso Fonseca UFMG

Palavras-chave:

Clean Girl; microfascismo; corpo; estética feminina.

Resumo

O artigo investiga o movimento estético Clean Girl como um fenômeno sociopolítico que transcende a moda, atuando como dispositivo de controle simbólico sobre corpos femininos. A estética da neutralidade e da “pureza” impõe comportamentos padronizados, excluindo identidades dissidentes e racializadas, ao mesmo tempo que reforça valores conservadores e eurocêntricos. Ao articular moda, consumo, redes sociais e discursos religiosos, o estudo evidencia como o Clean Girl integra microfascismos cotidianos e práticas de higienização visual. Nesse cenário, a tatuagem surge como gesto de resistência e reinscrição identitária, frequentemente silenciado pelo ideal de corpo neutro e “limpo”. Assim, escolhas estéticas apresentadas como naturais revelam-se estratégias políticas de regulação moral e sociocultural. Conclui-se que a estética Clean Girl não apenas produz imagens, mas também reproduz regimes de poder que disciplinam, apagam e hierarquizam corpos e subjetividades.

Referências

BRATICH, Jack Z. On Microfascism: Gender, War, and Death. New York: Common Notions, 2022.

CALDERÓN CHELIUS, Leticia. La sutil xenofobia que negamos: el caso de México. In: NEJAMKIS, Lucila; CONTI, Luisa; AKSAKAL, Mustafa (org.). Re-pensando el vínculo entre migración y crisis: perspectivas desde América Latina y Europa. Buenos Aires: CALAS; CLACSO, 2021. p. 279–300.

DINO. Procura por remoção de tatuagens cresce no Brasil. Valor Econômico, São Paulo, 5 fev. 2025. Disponível em: https://valor.globo.com/patrocinado/dino/noticia/2025/05/02/procura-por-remocao-de-tatuagens-cresce-no-brasil.ghtml. Acesso em: 4 jul. 2025.

LE BRETON, David. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2006.

LIMA, Bruna Dias Fernandes. Racismo algorítmico: o enviesamento tecnológico e o impacto aos direitos fundamentais no Brasil. 2022. 127 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2022.

MISSÉ, Miquel. La conquista del cuerpo equivocado. Barcelona: Egales, 2018.

PRECIADO, Paul B. Testo yonqui: sexo, drogas e biopolítica. Madrid: Espasa Calpe, 2008.

RIEMEN, Rob. O eterno retorno do fascismo. Lisboa: Bizâncio, 2012.

SEGATO, Rita Laura. La guerra contra las mujeres. Madrid: Traficantes de Sueños, 2016.

Downloads

Publicado

19/12/2025