CAPACITISMO ALGORÍTMICO NO CHATGPT
UMA NOVA MODALIDADE DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Palabras clave:
Midiatização, Capacitismo, Inteligência Artificial, Algoritmo, Análise de Conteúdo.Resumen
Este trabalho tem como propósito examinar de que forma algoritmos empregados na Inteligência Artificial, podem reproduzir práticas capacitistas, contribuindo para a consolidação de uma nova modalidade de discriminação em direção as pessoas com deficiência, surgida no contexto da era digital, o capacitismo algorítmico. O artigo traz um estudo acerca da articulação entre o processo de midiatização (Hjarvard, 2014; Sodré, 2006; Ferrara; 2022) o uso de tecnologias baseadas em Inteligência Artificial — operadas por algoritmos enviesados — e a discriminação algorítmica (Silva, 2020; Monagreda, 2024). Essa discriminação pode acarretar impactos negativos significativos para as pessoas com deficiência, especialmente ao reforçar estigmas e exclusões nos ambientes digitais. A pesquisa parte da premissa de que a discriminação algorítmica constitui um risco concreto para as pessoas com deficiência, e busca evidenciar isso através de uma análise de conteúdo (Bardin, 1977) feita através da Inteligência Artificial Generativa, ChatGPT da empresa OpenAI, no sentido de como o ChatGPT inclui ou não as pessoas com deficiência ao produzir representações visuais e textuais levando em consideração a pluralidade e a diversidade humana. Os resultados revelaram que o ChatGPT não conseguiu incluir as pessoas com deficiência como sendo constituintes da diversidade humana e, portanto, podem intensificar preconceitos e práticas capacitistas no ambiente digital reforçando assim o capacitismo algorítmico.
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