Vozes em resistência
comunicação antirracista e a tomada da palavra no projeto Blogueiras Negras
Mots-clés :
comunicação antirracista, mulheres negras, feminismo negro, resistência, Blogueiras NegrasRésumé
O artigo aborda a comunicação antirracista como uma ferramenta de empoderamento e ruptura de silêncios, com foco empírico no portal Blogueiras Negras. Historicamente, as mulheres negras têm enfrentado violências interseccionais, especialmente de gênero e raça, cujas raízes perpassam estereótipos e silenciamentos que desumanizam suas experiências e identidades. O Blogueiras Negras surge como um espaço de resistência e autoafirmação, permitindo que mulheres negras compartilhem suas histórias e reivindiquem o direito à palavra que lhes foi negado em tantos contextos. O projeto promove uma rede de solidariedade entre suas autoras, estimulando a troca de experiências e a expressão de suas subjetividades. Balizada pelo feminismo negro e pelo aquilombamento, a comunicação antirracista praticada nesse ambiente é essencial para a reescrita de narrativas hegemônicas, oferecendo um espaço seguro para a fala, a escrita, expressão e a reflexão crítica. Por propiciar visibilidade a vozes historicamente silenciadas, o Blogueiras Negras contribui para a caminhada rumo à igualdade de gênero e raça. Como referências centrais da discussão, trazemos Lélia González (1984; 2018), bell hooks (2023), Grada Kilomba (2019), Patricia Hill Collins (2019), Joice Berth (2018) e Audre Lorde (2020). A partir do percurso metodológico da pesquisa bibliográfica aliada ao estudo de caso, o texto analisa a importância desse projeto na formação de uma cultura comunicativa que combate opressões interseccionais, na qual as mulheres negras falam, são ouvidas e se tornam protagonistas de suas próprias histórias, desafiando as estruturas sociais que historicamente as silenciaram.
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