O papel das representações jornalísticas na Cultura do Estupro

Auteurs-es

  • Helen Pinto de Britto Fontes UFF
  • Giulia Navarro UFF

Mots-clés :

cultura do estupro, mídia e cotidiano, violência sexual, jornalismo

Résumé

O jornalismo é, ainda na sociedade pós-moderna, um dos principais meios de informação e absorção de conhecimento. Logo, as escolhas narrativas e estruturais feitas no momento de produção das notícias geram um impacto no cotidiano, pois podem influenciar nas percepções do senso comum, afetando a forma como são interpretados, por exemplo, casos de violência sexual. Por isso, o objetivo deste trabalho é compreender se o jornalismo age diretamente na manutenção da cultura do estupro no cotidiano a partir da presença de representações que culpabilizam mulheres e/ou inocentam homens aos relatar casos de estupro. Para isso, partimos da Análise de Conteúdo proposta por Laurence Bardin (2010) para categorizar matérias jornalísticas e perceber padrões que corroboram para a vigência da cultura do estupro. Utilizamos ainda as ideias de Sodré (2009), Thompson (1998) e Kellner (2001) para fundamentar a relevância das representações midiáticas no cotidiano. Compreendemos que esse cenário permissivo a violências é calcado em instituições sociais que reforçam a dominação masculina através de propagações discursivas, garantindo a manutenção de relações de poder em que a mulher é submissa. Entender os fatores que afetam esse padrão é essencial para aprimorar os debates acerca da violência de gênero em nosso cotidiano. As discussões fomentadas nesse estudo podem auxiliar a compreensão do papel do jornalismo no combate à violência contra mulher, acrescentando novos pontos de debate sobre o cenário da cultura do estupro.

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Publié-e

19/12/2025