Competências midiáticas e mpox

considerações para um contexto de (des)informação

Autores

Palavras-chave:

literacia midiática, mpox, (des)informação, discursos, sexualidade

Resumo

Doenças como a covid-19 evidenciaram a severidade das desinformações e da disseminação de informações imprecisas nas mídias e plataformas digitais. Em 2022, a mpox ganha destaque no cenário mundial, embora esteja envolta por estigmatizações e patologizações de pessoas homossexuais. Nesse sentido, questiona-se: como o olhar crítico da literacia midiática pode apontar para competências necessárias de serem evidenciadas num cenário de desinformação e estigma, principalmente quando percebemos essas ações sendo propagadas por órgãos oficiais? Objetiva-se, assim, discutir como a literacia midiática pode potencializar a apreensão crítica sobre as informações e desinformações sobre o mpox. Por meio da perspectiva indiciária (Braga, 2008), avança-se teoria e metodologicamente com as cinco competências midiáticas propostas por Paul Mihailidis (2014) — acesso, compreensão, avaliação, apreciação e ação — como um constructo norteador para entendimento de contextos de doenças, direcionando, fundamentalmente, aos discursos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Conclui-se que a literacia midiática se torna aliada para evitar que perigos, como notados nas falas oficiais da OMS, sejam apenas reproduzidos como preconcepções, e não questionados pela população, de forma ponderada, assim como na reivindicação de políticas públicas de atenção para pessoas em condições potenciais de vulnerabilidade.

Biografia do Autor

Maurício João Vieira Filho, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutorando em Comunicação na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Atualmente, é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e jornalista graduado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Desde 2019, é integrante do grupo de pesquisa DIZ: Discursos e Estéticas da Diferença. E-mail: mauriciovieiraf@gmail.com.

Adriana Helena de Almeida Freitas, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Atuou, entre 2019 e 2023 no Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS) da UFV desenvolvendo atividades diversas no campo da comunicação institucional. Foi bolsista do projeto Adaptando Conhecimento para a Agricultura Familiar e Acesso a Mercado (AKSAAM) do Fundo Internacional do Desenvolvimento Agrícola (FIDA). Foi bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq) 2018-2019, entre agosto de 2018 e julho de 2019, no projeto Políticas da diferença e estéticas da diferença: leituras sobre acontecimentos públicos contemporâneos. Foi bolsista do Programa de Apoio a Iniciação Científica da FUNARBE (Fundação Arthur Bernardes) - FUNARBIC, entre março de 2017 e fevereiro de 2018, no projeto “Facebook da depressão”: articulações da cultura terapêutica na internet. É integrante do grupo de pesquisa “Diz - Discursos e Estéticas da Diferença” e do “Pólen - Laboratório de Experimentação em Comunicação e Organizações”.

Referências

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Publicado

11/10/24