Lesbocídios noticiados pelo jornalismo

textos verbo-visuais em análise

Autores

Palavras-chave:

Lesbocídio, Jornalismo, Textos verbo-visuais, Narrativas

Resumo

Este artigo trata de uma análise dos textos verbo-visuais de seis notícias jornalísticas sobre casos de lesbocidios de Gerciane Pereira de Araújo, Jakeline Galdino da Silva e Gilmara de Almeida Lopes. O objetivo central é compreender como o jornalismo contribui para a constituição de imaginários sociais a respeito das lesbianidades. A análise é centrada nos elementos tipográficos e nos textos visuais utilizados. Os procedimentos metodológicos para estudar esses materiais consistem em dividi-los em categorias técnicas de análise que permitem olhar para os aspectos estruturais e observar os sentidos que emergem. Como resultado, foi possível notar o imbricamento do jornalismo com os quadros normativos que definem os corpos que importam ou não e, consequentemente, o modo como as narrativas devem ser feitas. Além disso, apesar da distância temporal entre os casos, ficou evidente que estratégias de sensacionalismo, apagamento e violência midiática perduram ao longo do tempo sobre os corpos lésbicos.

Biografia do Autor

Paulo B. Vaz, Universidade Federal de Ouro Preto

Paulo Bernardo Vaz é professor visitante junto ao PPGCOM da UFOP.
Aposentou-se na UFMG em 2012, tendo participado do corpo permanente de
seu PPGCOM desde sua implantação, ali colaborando até o ano de 2020. Foi
professor visitante no PPG de Jornalismo da UFSC. Lecionou e orientou
dissertações no Programa de Mestrado em Estudos Culturais da FUMEC. Sua
formação acadêmica deu-se na PUC-MG (Graduação em Comunicação
Social), na Universidade de Paris-13 (Mestrado em Editoração, Doutorado em
Comunicação e Educação) e na Universidade do Minho (Pós-Doutorado). Na
UFOP integra os grupos de pesquisa “Giro” e “Poéticas do Olhar”, e na UFMG,
o grupo “ex-press”. Sempre conciliou sua vida acadêmica com as práticas de
editoração e artes plásticas, especialmente artes gráficas.

Maria Clara Soares Rodrigues, Universidade Federal de Ouro Preto

Maria Clara Soares Rodrigues é jornalista e mestranda em Comunicação na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais, no Brasil. Além disso, é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Suas áreas de interesse são relacionadas aos estudos de gênero e sexualidade, com foco específico em lesbianidades. No mestrado, pesquisa a forma como o jornalismo hegemônico noticia casos de violências cometidos contra mulheres lésbicas. Integra Grupo de Pesquisa Ponto: afetos, gêneros e narrativas (UFOP) e o Grupo de Estudos em Lesbianidades (GEL, UFMG).

Steyce Lopes, Universidade Federal do Paraná

Atualmente é mestranda em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), na linha de pesquisa Cultura e Sociabilidades, com foco no eixo temático Cultura, Comunicação e Sociabilidades. É bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) o Grupo de Estudos em Lesbianidades da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Também atua como voluntária de mídias no Arquivo Lésbico Brasileiro. É bacharela em Comunicação Organizacional pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Tem interesse nos seguintes temas de pesquisa: lesbianidades, estudos sobre gêneros e sexualidades, mídias sociais, sociabilidades digitais e juventudes. 

Referências

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Publicado

19/12/2025