Através da retina

uma análise das coberturas sobre feminicídio na “Alma Preta” em dez anos da lei

Autores

Palavras-chave:

Alma Preta, Imprensa Negra, Feminicídio, Jornalismo, Gênero

Resumo

Este artigo propõe observar a cobertura de casos de feminicídio pela agência de comunicação Alma Preta a partir dos conceitos de “deslocamento da retina” (Sharpe, 2023) e “drible” (Moraes, Lima, 2023). Ao examinar essas práticas, o texto reflete sobre a continuidade de uma tradição de organização política presente desde o século XIX, na imprensa negra e que se configurou como um espaço de resistência com tecnologias próprias que indicam modos de complexificar as coberturas jornalísticas de violência de gênero que tem como vítimas principais no país as mulheres negras.

Biografia do Autor

Bárbara Matias, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea, pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG, na linha de Textualidades Midiáticas. É mestra em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Integrante do grupo de pesquisa Temporona: Coletivo de Ações em Temporalidades e Narrativas (UFMG), e da rede de pesquisa: Historicidade dos Processos Comunicacionais. Possui graduação em Comunicação Social - Jornalismo (2019) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em estudos de jornalismo, narrativa, temporalidade com o recorte de raça, racialidade, direitos temporais,  historicidade, gênero e território. Possui experiência com assessoria de imprensa e analista de comunicação.

Nayara Souza, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda e mestra em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e pós-graduada em Gestão de Marketing pela PUC-Minas. Co-coordenadora do Projeto de Extensão Uauá-"Cotidianos Intermitentes" e integrante dos grupos de pesquisa da UFMG Temporona – Coletivo de Ações em Temporalidades e Narrativas, ReparAÇÃO – Grupo de Pesquisa e Estudos Interseccionais em Comunicação, Poder e Resistência e Insurgente: Grupo de Pesquisa em Comunicação, Redes Textuais e Relações de Poder/Saber. Tem interesse de pesquisa nas intersecções entre Jornalismo, Gênero, Raça; Decolonialidade, Racismo e Racialidade; Pensamento Feminista Negro e Narrativas Jornalísticas.

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Publicado

19/12/2025