“Prefiro ser um ciborgue a ser uma deusa”: interseccionalidade, agenciamento e política afetiva
DOI:
https://doi.org/10.46560/meritum.v8i2.2171Palavras-chave:
Interseccionalidade. Agenciamento. Direitos humanos.Resumo
Nas duas últimas décadas, a interseccionalidade tem sido compreendida por diversos feministas como a noção primária para a teorização da diferença, e atualmente essa é uma abordagem predominante em algumas correntes da teoria queer (cada vez mais conhecida como crítica queer de cor [do inglês, queer of color critique]). A interseccionalidade emergiu das lutas da segunda onda feminista como uma intervenção feminista negra fundamental, desafiando as ideias hegemônicas de raça, classe e gênero que existiam no âmago das correntes feministas, até então predominantemente voltadas para o público branco. No entanto, exatamente por e ao realizar essa intervenção, a interseccionalidade também gera uma irônica reificação da diferença sexual como a uma diferença fundamental que precisa ser rompida – em outras palavras, a diferença sexual e de gênero é entendida como a constante a partir da qual existem variações. A interseccionalidade e o agenciamento não são análogos em termos de conteúdo, de intenção e tampouco de utilidade, sendo às vezes concebidos como incompatíveis ou até mesmo antagônicos. Neste artigo, apresento minhas ideias preliminares sobre os limites e as possibilidades de cada um desses conceitos e o que se pode conseguir quando se reflete um por meio do outro e, também, um com o outro. Quais são os pontos fortes de cada um nos domínios da teoria, política, organização, estruturas legais e método? Baseando-me no mapeamento dessas duas genealogias bifurcadas, apresento algumas ideias sobre a política de produção de conhecimento feminista – a qual tem sido conduzida pelo mandato, por vezes restritivo e indomável, da análise interseccionalista – para compreender quais tipos de futuro são possíveis para a teorização feminista.Downloads
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