A PRÁXIS EXTENSIONISTA NA RECICLAGEM INCLUSIVA E SOLIDÁRIA

Authors

DOI:

https://doi.org/10.70493/cod31.v2i2.10185

Keywords:

Extensão universitária, Ecologia dos saberes, Pesquisa ação participante, Prática extensionista reflexiva, Reciclagem Inclusiva e Solidária

Abstract

O presente estudo aborda a extensão universitária dentro do contexto da reciclagem inclusiva e solidária. O objetivo é relatar, por meio de uma experiência concreta, os impactos positivos dessa prática para o aprendizado dos alunos envolvidos. Ao descrever os impactos desta prática os estudantes aprendem e experimentam os princípios da economia circular e solidária e reconhecem os catadores como agentes ambientais e sociais. Para tanto, este estudo utilizou o método da pesquisa ação participante (ENGEL, 2000; BALDISSERA, 2001), que torna os alunos membros destas ações e interação social com os catadores. Tal abordagem valoriza o conhecimento popular e promove a colaboração entre os participantes. Essa técnica permite que os extensionistas trabalhem com a comunidade e não com eles. Isso cria o espaço de reflexão-ação e facilita a eficientização dos saberes entre os modos de conhecimentos acadêmicos e populares.

A troca de saberes da extensão universitária é um dos aspectos mais ricos desse processo, uma vez que instaura um diálogo recíproco entre saberes acadêmicos e populares, segundo princípio da ecologia dos saberes (SANTOS, 2004). Os alunos, desse modo, não somente levam conhecimentos teóricos que aprendem em sala de aula, mas também trazem aprendizados da prática dos catadores de materiais recicláveis, detentores de uma sabedoria sobre o cotidiano da reciclagem, as dificuldades do trabalho e os desafios ambientais da tarefa. Esse intercâmbio é mútuo: os alunos levam e trazem o que aprendem, mas também ensinam os catadores, embasados no que a Universidade ensina (GADOTTI, 2017).

A extensão universitária torna-se uma forma de fazer educação crítica e emancipada, como propunha Paulo Freire (1987). Freire (1987) afirmava que a educação não deveria ser uma transferência banal de conhecimento, mas a própria construção, e o diálogo com a realidade era implacavelmente necessário para a formação do cidadão crítico e consciente. Com a extensão, o estudante sai do espaço concreto da sala de aula e do abstrato dos livros e tem contato direto com a realidade social, aplicando o conhecimento e, mesmo assim, aprendendo com quem vive essa mesma realidade. No caso da reciclagem inclusiva e solidária, essa relação se torna ainda mais significativa, já que o trabalho dos catadores é reconhecido como fator fundamental da economia circular e solidária.

Os impactos positivos dessa extensão universitária são claros. Os extensionistas aprimoram sua compreensão do mundo, desenvolvem o cuidado e aprendem habilidades práticas. Alinhando-se às ideias de Freire (1987), onde todos compartilham conhecimentos e colaboram para encontrar soluções, essa experiência fortalece a cidadania e as habilidades de pensamento dos estudantes e dos membros da comunidade.

Published

20/12/24