DIREITO À SAÚDE E SAÚDE MENTAL EM COMUNIDADES INDÍGENAS

UMA ANÁLISE DA EXTENSÃO EM BRUMADINHO/MG

Authors

  • Isabella Harume Ribeiro Hojo Pontificia Universidade Catolica de Minas Gerais
  • Armindo dos Santos de Sousa Teodosio Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais http://orcid.org/0000-0002-7835-5851
  • Pedro Henrique Moreira da Silva Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.70493/cod31.v2i2.10188

Keywords:

Saúde indígena, Brumadinho, Biopolítica, Necropolítica

Abstract

INTRODUÇÃO: A promoção de saúde indígena, conforme a Lei nº 9.836 de 1999, deve seguir uma abordagem diferenciada, considerando a cultura e a realidade local dos povos indígenas. A criação do subsistema de saúde indígena (SasiSUS) foi crucial para oferecer cuidados específicos a essa população. Este trabalho tem como objetivo revisar a literatura e entender os principais desafios e traumas psicossociais enfrentados pelos povos indígenas, especialmente os impactos da vulnerabilidade social em sua saúde física e mental. O estudo também analisa o funcionamento e os desafios do subsistema de saúde indígena. METODOLOGIA: A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, crítico-interpretativa (POZZEBON & PETRINI, 2013), do tipo Pesquisa-Ação (OSPINA et al., 2006) e Pesquisa Engajada (HARARI et al., 2021), buscando promover o protagonismo indígena na luta por direitos, especialmente na saúde coletiva (SANTOS, 2019). Um ponto central é o “Não-Extrativismo de Dados” (GROSGOGUEL, 2016), pois a pesquisa é realizada com os Xukuru Kariri, e não sobre eles. A revisão da literatura foi associada às vivências de campo dos extensionistas do projeto “Saberes e Inovações pela Sustentabilidade” (SABIÁS). FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: O estudo utiliza os conceitos de Biopolítica e Necropolítica, de Foucault (2010) e Mbembe (2018), para compreender como os indígenas, enquanto corpos políticos, são marginalizados, resultando em seu adoecimento mental. São indicadas violências físicas, psíquicas e espirituais às quais os povos indígenas são submetidos. O indígena, ao enfrentar essas mazelas, lida com consequências que afetam sua vida e de sua comunidade, resistindo diariamente para garantir sua sobrevivência em seus territórios. Cuidar da saúde mental indígena envolve também tratar de identidade, território e espiritualidade. Ao abordar o adoecimento psíquico, é necessário considerar o indígena como um indivíduo biopsicossocial e espiritual, que busca o Bem Viver em comunidade. Esses fatores afetam os saberes tradicionais, as condições de saúde e a cultura indígena, ameaçando a continuidade dessas comunidades, que são vítimas de um apagamento físico e simbólico contínuo. Também é importante avaliar se os subsistemas de saúde indígena são suficientes para atender a essa população em todas suas esferas. Embora os serviços prestados sejam fundamentais, existem limitações, como a presença de uma base europeizada e os conflitos entre saberes tradicionais e científicos. RELATO DE EXPERIÊNCIA: As reflexões surgiram da atuação dos extensionistas nas comunidades indígenas, e foram alinhadas à produção da cartilha “Saúde indígena: promoção e cuidado integral”, desenvolvida entre 2023 e 2024. O material produzido e o diálogo contínuo com as comunidades formam a base metodológica deste trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As discussões indicam Biopolítica e Necropolítica como caminhos conceituais para interpretar os sofrimentos e vulnerabilidades dos povos indígenas. A realidade social das comunidades indígenas frequentemente contribui para o adoecimento físico, psíquico ou espiritual, agravado pelas condições adversas em que vivem.

Author Biographies

Isabella Harume Ribeiro Hojo, Pontificia Universidade Catolica de Minas Gerais

Estudante do sétimo período do curso de Medicina na Pontifícia Universidade Católica de Minas. Além disso, faço parte da Equipe de Saúde Pública do Diretório Acadêmico Horizontal da PUC Minas. Membro ativo da Liga Acadêmica de Oncologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.Ademais, tenho a honra de ser a fundadora do projeto voluntário "Passo à Frente", que tem como objetivo apoiar estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O nosso trabalho concentra-se principalmente nos seguintes temas: vulnerabilidade socioeconômica, educação digital, impactos da pandemia e promoção do voluntariado.

Armindo dos Santos de Sousa Teodosio, Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais

Associate Professor, Postgraduate Program in Management (PPGA)
Head of Research Center on Ethics and Social Management (NUPEGS)
Head of Extension Program Knowledge and InovAction for Sustainability (SABIÁS)
Pontifical Catholic University of Minas Gerais (PUC Minas)

Pedro Henrique Moreira da Silva, Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutorando em Administração (PUC-Minas, bolsista CAPES), com pesquisa na área dos Povos Indígenas e conflitos ambientais. Advogado com atuação em Direito Ambiental e Indigenista. Professor de Direito Ambiental e Indigenista. Mestre em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela Escola Superior Dom Helder Câmara. Pós-graduado em Direito Constitucional aplicado. Perito ambiental com ênfase em valoração do dano ambiental. Possui experiência no trabalho com comunidades indígenas atingidas por desastres socioambientais. Possui experiência como advogado consultor em Direito Ambiental e Indigenista. Possui experiência como professor da graduação e pós-graduação, tendo lecionado as disciplinas Direito dos Desastres, Direito Ambiental, Administração Pública e Sustentabilidade, Direito Constitucional e Regularização Fundiária. 

Published

20/12/24