A Jornada da Vilã
Mito, Representação e Imaginário da mulher perigosa na telenovela brasileira contemporânea
Palabras clave:
imaginário, telenovela brasileira, vilã, melodrama, representaçãoResumen
O artigo investiga as representações da vilania feminina na telenovela brasileira como figurações do imaginário social, articulando a teoria dos regimes do imaginário de Gilbert Durand (1992) ao dispositivo melodramático. Propõe-se uma cartografia simbólica que mapeia permanências e mutações de arquétipos do “feminino perigoso”, tomando como corpus vilãs de alta repercussão no horário nobre da televisão. Argumenta-se que a vilania mobiliza um imaginário noturno de desejo, ambiguidade e transgressão que o melodrama acolhe para, ao final, conter por meio de rituais de punição, restaurando a ordem moralizante do melodrama. Em diálogo com Murdock (2022), o trabalho contrapõe a jornada integrativa da heroína à figuração não conciliatória da vilã, cuja centralidade narrativa se destaca em obras como Vale Tudo (1988), cresce no período da “virada mimética” da vilania estudado na telenovela A Favorita (2008), passa pelo protagonismo ambíguo de Senhora do Destino (2004) e atinge seu apogeu na gramaticalização da vilania em Beleza Fatal (2025). Conclui-se que essas representações expõem os limites de hospitalidade aos corpos femininos no espaço midiático, fazendo da telenovela um campo de dissenso afetivo onde direitos de existência e imaginário de punição permanecem em disputa.
Citas
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VALE TUDO. Criação de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Rio de Janeiro: TV Globo, 1988. Telenovela.
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